2. COMUNICAÇÕES

AMILTON REIS (Universidade de São Paulo)
Fonologia histórica do mandarim: a contribuição da literatura portuguesa de viagens
O estudo diacrônico da fonologia chinesa requer o cotejo de dados de múltiplas fontes. Na reconstrução do mandarim pré-moderno, têm sido instrumentais as descrições feitas por gramáticos estrangeiros entre os séculos XV e XVII. Esse, contudo, não é o único recurso: a literatura oriental portuguesa pode trazer mais elementos para essa discussão.

ANDRÉ LUIS BATISTA (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Escrito sobre jade - Diálogos intersemióticos em Haroldo de Campos
Partindo de algumas considerações de Charles S. Peirce, um dos mais respeitados teóricos acerca do conceito de semiose, o que se pretende discutir, em diálogo com a "transcriação" de poemas chineses da obra de Haroldo de Campos, é a capacidade que o signo linguístico possui, enquanto entidade aberta, de autogeração, ou seja, de representar um "processo sequencial, sucessivo, ininterrupto" capaz de produzir representações novas a partir de objetos já representados, estabelecendo com estes uma relação de extensão e distinção.

EDELSON COSTA PARNOV (Universidade de São Paulo)
Mulheres modelo: As motoristas de trator na cultura visual da China socialista (anos 1950-70)
A revolução chinesa de 1949, liderada pelo Partido Comunista, significou importantes mudanças nas relações de gênero, especialmente a proibição dos casamentos arranjados e o estímulo ao trabalho feminino nas indústrias e nos campos. Esse processo era considerado pelos comunistas fundamental para a reconstrução econômica do país e a edificação da nova ordem socialista. Ao longo dele, eles fizeram largo uso da propaganda política visual, como cartazes e filmes, de modo a difundir modelos de mulheres fortes e heroicas, dentre os quais destacaram-se as motoristas de trator, representação bastante difundida entre as décadas de 1950 e 1970. Por meio da análise desse ícone socialista na cultura visual chinesa, podemos compreender os avanços e os limites do socialismo chinês no que diz respeito à igualdade de direitos entre homens e mulheres.

GUSTAVO ANDRÉ DE MACEDO FIORELLO (Universidade de Fudan  復旦大學)
O Pensamento Lógico na China

Nesta apresentação, será mostrado como a lógica ocidental não apenas foi historicamente assimilada na China, mas também serviu de base para um redescobrimento de um autêntico pensamento lógico ocorrido em sua antiguidade histórica. Tendo a ideia de uma “lógica chinesa” se tornado lugar-comum neste meio intelectual, será abordado, em seguida, o modo como ela foi apreendida no Ocidente.

ISABELLA SANTANA DOS SANTOS (Universidade de São Paulo)
A relação entre os conflitos externos da China e os seus impasses políticos internos na Guerra sino-soviética de 1969

Esta apresentação analisa como as disputas territoriais, as divergências ideológicas, culturais e militares entre China e União Soviética influíram no conflito entre esses dois países. Além disso, também apresenta o impacto da Revolução Cultural Chinesa e da luta de Mao Zedong contra o revisionismo no conflito sino-soviético. Por fim, trata, brevemente, do papel dos armamentos nucleares na dissuasão dessa guerra. Ou seja, serão estabelecidas relações entre os conflitos internos e externos buscando verificar qual o peso de cada um desses fatores para a eclosão da Guerra Sino-Soviética em 1969.

JAMILLY BRANDÃO ALVINO (Universidade de São Paulo)
A tradução de personagens em Where the Wild Things  Are sob a ótica da Linguística de Corpus.

Com mais de 19 milhões de cópias vendidas, o livro infantil Where the Wild Things Are (1963) foi traduzido para mais de 20 idiomas, entre eles, o chinês. Esta comunicação propõe a análise de um corpus paralelo, ou seja, a obra original e sua tradução chinesa, com a metodologia da Linguística de Corpus. Como recorte, aborda a tradução dos nomes de personagens a partir das estratégias tradutológicas propostas por Venuti (1995) e sua (possível) influência na leitura da obra.

JOÃO ALVES DE SOUZA NETO (Universidade de Campinas)
O caminho para uma geopolítica de A Arte da Guerra de Sunzi
            
Esta apresentação visa abordar a possibilidade de uma discussão geopolítica no livro de Sunzi. Para isso, serão apresentadas, inicialmente, abordagens interpretativas já feitas sobre essa obra. Posteriormente, será discutida a sua configuração histórica, a fim de enfatizar seus problemas históricos como seu centro gravitacional. Assim, espera-se ter um caminho possível de interpretação desse texto tradicional como um texto sobre geopolítica.

JOHN BRENO RODRIGUES DE SOUSA (Universidade de São Paulo)
O primeiro capítulo de O sonho dos solares vermelhos 《紅樓夢》  e seu manifesto filosófico-literário          
O primeiro capítulo do romance clássico chinês do século XVIII O sonho dos solares vermelhos《紅樓夢》, de Cao Xueqin, apresenta reflexões sobre a produção literária chinesa até então e propõe uma literatura nova, contrastando dialeticamente o clássico erudito com o vernacular, a prosa com a poesia e o real com o irreal.

JULIA GARCIA V. DE SOUZA (Universidade de Campinas)
Inter-relacionalidade Chinesa

O pensamento chinês e a sociedade chinesa têm uma organização diferente do que se conhece no Ocidente. Com isso, muitas das análises feitas sobre a China acabam cometendo equívocos baseados em uma visão eurocêntrica do mundo. Neste sentido, é significativo compreender que o pensamento chinês se dá a partir de uma racionalidade relacional e que, com isso, a sociedade chinesa se organiza de modo inter-relacional. Esta apresentação tem a intenção de abordar esta inter-relacionalidade, explicando-a a partir da noção de yinyang e do trabalho de Fei Xiaotong.

MATHEUS OLIVA DA COSTA (ALAFI)
VISÃO EDUCACIONAL DO MESTRE XUN: tradução e comentários ao capítulo um do Xúnzi 荀子

A questão da educação ou do Aprender (Xué 學) é fundamental na Escola dos Eruditos ou Confucionismo (Rújiā 儒家). Aqui vamos apresentar qual é a importância e o papel da questão do Aprender para um dos filósofos confucianos da Antiguidade, o “mestre Xun” (313-238 AEC), que aborda esse tema já no primeiro capítulo de sua obra homônima, Xúnzi 荀子. O objetivo é mostrar a visão educacional desse autor em seus próprios termos, através da nossa tradução do primeiro capítulo da obra, chamado de “Quàn Xué 勸學, Persuadir a Aprender” e com comentários feitos a cada parágrafo, mas com um recorte dos elementos que consideramos centrais.

PEDRO REGIS CABRAL (Universidade de Macau 澳門大學)
Padre Joaquim Angélico de Jesus Guerra  S.J. (1908-1993): um figurista do século XX? 
Nesta apresentação discutirei a obra do Padre Joaquim Angélico de Jesus Guerra S.J. (1908-1993) e seu suposto “figurismo”, a crença de que certas obras clássicas chinesas contêm “figuras” de eventos e personagens bíblicos, além de dogmas da religião cristã.

RAQUEL HARUMI DE SÁ (Universidade de São Paulo)
A Poesia Chinesa Definida por Ezra Pound

Pretende-se apresentar um estudo em andamento sobre os possíveis interesses que levaram a poesia de Ezra Pound a se dedicar à tradução da língua clássica chinesa, em especial no seu período maduro (segundo pós-guerra), considerando a complexidade de uma obra cheia de transformações, engajada ao mesmo tempo em ambições poéticas e estéticas, mas também em formulações políticas e sociais.

ROGÉRIO FERNANDES DE MACEDO (Universidade de Campinas)
Epistemologia da Sinologia Chinesa de Wang Li

Wang Li (1981) classifica a sinologia chinesa como hanxue, na obra A História da Linguística Chinesa e faz referência à filologia chinesa antiga como xiaoxue. Ao esclarecer aspectos próprios de trabalhos em filologia, Wang Li (1981) apresenta fatos com objetivos políticos e filosóficos, afirmando serem esses os objetos de estudo da sinologia chinesa, que se apoia exclusivamente nos Clássicos Antigos.