CRISTIANO MAHAUT DE BARROS BARRETO (PUC-Rio)
A China de Roger Ames: uma proposta em filosofia comparativa?
A apresentação versará sobre o papel central dos estudos sobre a China no Ocidente nos chamados “estudos de filosofia comparativa”, discutindo sobre o próprio status teórico do termo “filosofia comparativa.” Focando-se na obra de Roger Ames, convidamos os espectadores a refletirem sobre as bases teóricas dos modelos de representação da civilização e do pensamento chinês nos estudos sinológicos.
CHIU YI CHIH (Centro Cultural de Taipei 臺北文化中心)
O Princípio Imutável em Liezi e Laozi
No seu Vazio Perfeito, o pensador taoista Liezi concebe um Princípio de Unidade que rege todos os fenômenos do mundo. Esse Princípio conhecido como Princípio do Dao é imutável, e inengendrado. Ora, qual é a implicação fundamental de sua concepção ao sustentar que esse Princípio é imutável? De acordo com Liezi, podemos observar que todas as coisas do mundo são dotadas de formas e estão submetidas aos processos de crescimento e deterioração. Entretanto, poderíamos postular algo que nunca seja submetido a tais mudanças? No seu Dao De Jing, Laozi no capítulo 25 se referia também a esse Princípio Imutável. Assim, mostraremos como Liezi e Laozi pensavam sobre esse princípio imutável.
ERASTO SANTOS CRUZ (Universidade de Macau 澳門大學)
Manuel da Silva Mendes: um anarcotaoista em Macau
Manuel da Silva Mendes (1867 – 1931), português, anarquista, formado em direito pela Universidade de Coimbra, viveu em Macau de 1901 a 1931, ano de sua morte. Homem multifacetado, que atuou em diversas áreas, foi também colecionador de arte chinesa e estudioso da cultura e filosofia deste país asiático, sendo considerado o primeiro português a estudar e divulgar a tradição taoista chinesa em Macau. Sua ligação com o taoismo foi tão grande que ele próprio se considerava um praticante dos ensinamentos de 老子 Lǎozǐ, suposto fundador do taoismo. Segundo António Aresta, Silva Mendes considerava a China, mais especificamente o taoismo, a fonte de onde teria se originado o socialismo libertário ou anarquismo. Esta intervenção tem como objetivo apresentar o peculiar sinólogo português Manuel da Silva Mendes e suas contribuições para a sinologia portuguesa e à divulgação da cultura chinesa ao público falante de língua portuguesa.
HO YEH CHIA/JOÃO VERGÍLIO GALLERANI CUTER (Universidade de São Paulo)
Uma ponte para a ponte de Ezra Pound
Ezra Pound fez uma tradução (ou “recriação”) do Shijing para o inglês que é frequentemente criticada por sua imprecisão e obscuridade. A liberdade com relação ao texto original, porém, longe de ser um defeito, é constitutiva do projeto de recriação poética de Pound, e a obscuridade desaparece quando acessamos o poema de Pound a partir de um estudo prévio do poema original. É a poesia chinesa que nos permite compreender Pound, e não o contrário. Tentaremos mostrar isso através do exame de um dos poemas da Antologia Clássica Definida por Confúcio.
MÔNICA SIMAS (Universidade de São Paulo)
Ler o Yi Jing (I Ching 易經) ou como adquirir um presente pré-fabricado
Esta comunicação pretende realizar dois movimentos: um mais descritivo no qual se vai buscar apresentar algumas considerações sobre as circunstâncias da história da recepção do Yi Jing (I Ching, 易經) e de seus elementos estruturais; outro mais analítico, envolvendo um exemplo de leitura de um trecho do livro seguido de algumas interpretações variadas e canônicas. Partindo do pressuposto de que o livro seja lido e estudado principalmente com o interesse de se ampliar o conhecimento sobre o destino e considerando que querer esta compreensão implica querer também compreender a própria biografia em “alternação”, termo utilizado por Peter L. Berger (2014), no seu ensaio “Excurso: alternação e biografia (ou: como adquirir um passado pré-fabricado)”, a reflexão vai buscar evidenciar como a mobilidade do ponto de vista é crucial na aceitação de um sentido que parece se fazer mais por conversão a um sistema de significados do que pelo desejo de se atingir a verdade.